Âncoras levantadas em Lisboa, a frota passou por São
Nicolau, no arquipélago de Cabo Verde, em 16 de março. Tinham-se afastado da
costa africana perto das Canárias, tocados pelos ventos alísios em direção ao
ocidente. Em 21 de abril, da nau capitânea avistaram-se no mar, boiando,
plantas. Mais tarde surgiram pássaros marítimos, sinais de terra próxima. Ao
amanhecer de 22 de abril ouviu-se um grito de "terra à vista", pois
se avistou o monte que Cabral batizou de Monte Pascoal, no litoral sul da atual
Bahia.
Ali aportaram as naus, discutindo-se até hoje se teria sido
exatamente em Porto Seguro ou em Santa Cruz Cabrália (mais precisamente no
ilhéu de Coroa Vermelha, no município de Santa Cruz Cabrália), e fizeram
contato com os tupiniquins, indígenas pacíficos. A terra, a que os nativos
chamavam Pindorama ("terra das palmeiras"), foi a princípio chamada
pelos portugueses de Ilha de Vera Cruz e nela foi erguido um padrão (marco de
posse em nome da Coroa Portuguesa). Mais tarde, a terra seria rebatizada como
Terra de Santa Cruz e posteriormente Brasil. Estava situada 5.000 km ao sul das
terras descobertas por Cristóvão Colombo em 1492 e 1.400 quilômetros aquém da
Linha de Tordesilhas. Sérgio Buarque de Holanda descreve, em História Geral da
Civilização Brasileira:
No dia 26 de abril, um domingo (o de Pascoela), foi oficiada
a primeira missa no solo brasileiro por frei Henrique Soares (ou frei Henrique
de Coimbra), que pregou sobre o Evangelho do dia. Batizaram a terra como Ilha
da Vera Cruz no dia 1 de maio e numa segunda missa Cabral tomou posse das
terras em nome do rei de Portugal. No mesmo dia, os navios partiram, deixando
na terra pelo menos dois degredados e dois grumetes que haviam fugido de bordo.
Cabral partiu para a Índia pela via certa que sabia existir a partir da costa
brasileira, isto é, cruzou outra vez o Oceano Atlântico e costeou a África.
O rei D. Manuel I recebeu a notícia do descobrimento por
cartas escritas por Mestre João, físico e cirurgião de D. Manuel e Pero Vaz de
Caminha, semanas depois. Transportadas na nau de Gaspar de Lemos, as cartas
descreviam de forma pormenorizada as condições geográficas e seus habitantes,
desde então chamados de índios. Atento aos objetivos da Coroa na expansão
marítima, Caminha informava ao rei:
Além das cartas acima mencionadas, outro importante
documento sobre o descobrimento do Brasil é o Relato do Piloto Anônimo. De
início, a descoberta da nova terra foi mantida em sigilo pelo Rei de Portugal.
O resto do mundo passou a conhecer o Brasil desde pelo menos 1507, quando a
terra apareceu com o nome de América na carta (mapa) de Martin Waldseemüller,
no qual está assinalado na costa o Porto Seguro
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