A administração das terras ultramarinas, que a princípio foi
arrendada a Fernão de Noronha, agente da Casa Fugger (1503-1511), ficou a cargo
direto da Coroa, que não conseguia conter as freqüentes incursões de franceses
na nova terra. Por isso, em 1516, D. Manuel I e seu Conselho criam nos Açores e
na Madeira as chamadas «capitanias do mar», por analogia com as estabelecidas
no Oceano Índico. O objetivo fundamental era garantir o monopólio da navegação
e a política do mare clausum (mar fechado). De dois em dois anos, o capitão do
mar partia com navios para realizar um cruzeiro de inspeção no litoral,
defendendo-o das incursões francesas ou castelhanas. No Brasil, teriam visitado
quatro armadas.
As armadas de Jacques assinaram-se com insistência no rio da
Prata. Também em 1516 ocorre a primeira tentativa de colonização metódica e
aproveitamento da terra com base na plantação da cana (levada de Cabo Verde) e
na fabricação do açúcar. Já devia ter havido algumas tentativas de capitanias e
estabelecimentos em terra, pois em 15 de julho de 1526 o rei D. Manuel I
autorizou Pedro Capico, "capitão de uma capitania do Brasil", a
regressar a Portugal porque "lhe era acabado o tempo de sua
capitania". Talvez Jacques tenha ido buscar Capico em Porto Seguro, pois a
ele era justamente atribuída a fundação de uma feitoria no local, muito antes
de ser doada como capitania a Pero do Campo Tourinho. Outras capitanias
incipientes podem ter existido pelo menos em Pernambuco, Porto Seguro, Rio de
Janeiro e São Vicente.
Roberto Simonsen (em História Econômica do Brasil, pág.120)
comenta:
Na
terra de Santa Cruz, o valor e as possibilidades de comércio não justificavam
(…) organizações da mesma importância» que as feitorias de Portugal na África.
«Mesmo assim, foram instaladas, quer pelos concessionários do comércio do
pau-brasil, quer pelo próprio governo português, várias feitorias, postos de
resgate onde se concentravam, sob o abrigo de fortificações primitivas, os
artigos da terra que as naus vinham buscar. São por demais deficientes até hoje
as notícias sobre estas feitorias, Igaraçu, Itamaracá, Bahia, Porto Seguro,
Cabro Frio, São Vicente e outras intermediárias, que desapareciam, ora
esmagadas pelo gentio, ora conquistadas pelos franceses. Mas o próprio comércio
do pau-brasil é uma demonstração de sua existência, e as notícias sobre a
década anterior, de 1530, salientam a preocupação do Governo português de
defendê-las.» Eram assim postos de resgate de caráter temporário,
estabelecimentos efêmeros, assolados por entrelopos e corsários franceses, por
selvagens. Por muitos anos cessará todo o interesse de Portugal pelo Brasil. O
Brasil ficou ao acaso… Colonizar a nova terra seria dispendioso, sem lucro
imediato. Portugal, no auge de sua técnica de navegação, de posse de feitorias fincadas
em vastíssimas costas de oceanos, não tinha recursos humanos, com uma população
estimada em um milhão de habitantes. Impunha-se uma atitude predominantemente
fiscal. Havia o quê? Havia macacos, papagaios, selvagens nus e primitivos. Mas
havia pau-brasil…
— Roberto Simonsen
João Ribeiro (em História do Brasil) diz que
...
depois das primeiras explorações, as terras do Brasil tornaram-se constante
teatro da pirataria universal. Especuladores franceses, alemães, judeus e
espanhóis aqui aportam, comerciam com o gentio ou seelvajam-se e com eles
convivem em igual barbaria. Os navegadores de todos os pontos aqui se
aprovisionam ou se abrigam das tempestades. Aventureiros aqui desembarcam, e
vivem à ventura, na companhia de degredados e foragidos. O que procura a corte
portuguesa de D. Manuel I são as riquezas do Oriente, e se alguma expedição
aqui toca e se demora, (....) não é o Brasil que as atrai mas ainda a
fascinação do Oriente.
BOA TARDE. QUE PARABENIZA-LO PELO MAGNIFICO TEXTO. MUITO
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